A febre do ouro

Mas afinal, o que tem de tão especial esta preciosidade brilhante que faz cintilar os olhos de tantos? Tendo sido descoberto na Pré-História, o ouro foi um dos primeiros metais encontrados pelo Homem, despertando especial interesse devido às suas propriedades fascinantes. É no meio da natureza que se encontra e devido à sua maleabilidade, permite que se transforme nas mais diversas formas. A sua aplicação em joalharia, peças de arte sacra, tecnologia e até em pratos gastronómicos mais requintados, demostra a potencialidade e “riqueza” do ouro.

A febre do ouro leva-nos até Vila Velha de Ródão, um território com muita história na exploração deste valioso metal.

O rio Ocreza: Ouro “sob” azul

Nascendo bem lá no alto, na imponente Serra da Gardunha, as águas cristalinas do rio Ocreza rasgam os vários relevos que se atravessam no seu caminho, constituindo um dos elementos naturais mais relevantes do interior de Portugal. Ao longo do seu trajeto, vai crescendo até se tornar num dos mais importantes afluentes do rio Tejo, tendo ponto de encontro marcado na fronteira que separa os municípios de Mação – pertencente ao distrito de Santarém – e Vila Velha de Ródão – pertencente ao distrito de Castelo Branco. Pelo caminho, o rio Ocreza cumprimenta gentilmente as brilhantes paisagens da Barragem de Penedo Redondo, da Barragem de Santa Águeda e da Barragem da Pracana, antes de chegar ao seu destino final.

Mas não é apenas nas paisagens que reside o brilho do Ocreza. Desde tempos bem distantes, presumivelmente, desde a Idade do Ferro, que as margens deste rio são conhecidas pela extração do ouro. Evidências arqueológicas apontam para que tal prática tenha sido exponenciada pelo Império Romano, devido ao seu engenho e inovação de processos. A busca pelo “danado amarelinho” deixou marcas de alteração da paisagem visíveis através das “conheiras”, extensos amontoados de calhaus rolados resultantes das sucessivas lavagens. Foi com a técnica do garimpo nas margens do rio, que, por conta do conhecimento da hidrodinâmica fluvial, permitiu a extração de ouro puro, sem que fossem necessários tratamentos de separação de outros materiais.

Além do rio Ocreza, também o rio Tejo tem vestígios de conheiras, algumas com várias dezenas de metros de altura, mas este ponto será abordado noutro artigo do nosso blog.

Para além do ouro, que reluz num tom amarelo resplandecente, capaz de deixar qualquer um fascinado, outro produto se destaca pelas mesmas características. Vila Velha de Ródão enaltece as tradições centenárias relacionadas com a produção de azeite. Ouro em estado líquido e que até tem uma marca regional – as Terras de Oiro! Servido à mesa, regado suavemente sobre vários alimentos ou simplesmente acompanhando aquele descarado pedaço de pão, o azeite confere o sabor e a textura que o deixarão ficar de água na boca.

O azeite virgem extra – “Azeite da Beira Interior: Azeite da Beira Baixa” – é, indiscutivelmente, o centro das atenções, encontrando-se categorizado com a Denominação de Origem Protegida (DOP). Do olival até às mesas nacionais e internacionais, o trajeto do azeite pressupõe uma paragem fundamental nos lagares da região. Espaços de transformação da matéria-prima, a azeitona, em azeite, os lagares representam a cultura e tradição rodanense. Recorde-se que no passado, bem como no presente, contabilizam-se muitos lagares neste território, tipicamente movidos através da força da água de corre nos ribeiros, movendo a roda aguadeira. Não perca a oportunidade de visitar alguns dos lagares ancestrais que marcaram várias gerações e para conhecer todo o processo, incentivamos a visita do Lagar de Varas.

Oliveiras nas escapas rochosas
Rio Ocreza
Beira Baixa

Faça as malas, parta à descoberta e encante-se com Vila Velha de Ródão – um dos tesouros mais brilhantes da Beira Baixa! Com um passado geológico que espelha as características do território há cerca de 600 milhões de ano, o que não faltam são motivos de visita.

Desde logo, destaca-se o Monumento Natural que nos presenteia com vistas fenomenais e quase dispensa apresentações – as Portas de Ródão. Integrado no Geopark Naturtejo, este geossítio evidencia sinuosas escarpas que, afunilando o rio Tejo, esboçam um cenário poderoso e inspirador. Ainda no âmbito do património natural rodanense, não deixe de visitar as Portas do Almourão, na aldeia de Foz do Cobrão.

Na vertente patrimonial cultural, o principal destaque recai sobre o Complexo de Arte Rupestre do Vale do Tejo, que representa um dos mais relevantes aglomerados pré-históricos em solo Ibérico, podendo as suas réplicas serem observadas no CIARTE – Centro de Interpretação de Arte Rupestre do Vale do Tejo. Também o Castelo do Rei Wamba, ou Castelo de Ródão é um ponto de interesse que não deve deixar de visitar, tendo este assinalado um ponto estratégico de delimitações fronteiriças cristãs face aos muçulmanos.

Nada melhor do que uma caminhada para aliviar o stress, esticar as pernas e sentir, a cada passo, a energia que carrega dentro de si. A região de Vila Velha de Ródão, repleta de encantos naturais e relíquias patrimoniais, dispõe de um conjunto de traçados que prometem dar-lhe a conhecer os pontos de interesse mais relevantes. Eis a lista que opções que não vai querer perder:

As caminhadas sugeridas podem ser encontradas e percorridas através da APP Geonatour. Descarregue gratuitamente!

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